ARTE CONTRA A BARBÁRIE

Para entender um pouco sobre o que está acontecendo na atual ocupação da Funarte, indico a série Ensaio Aberto, sobre o movimento Arte Contra a Barbárie que se formou em 1999.

Parte I: A Arte contra a barbárie

Parte II: A Lei de Fomento

Parte III: O teatro contra a ditadura

Parte IV: Teatro Grupo & Teatro Mercadoria

Parte V: A contrapartida social

Parte VI: Teatro político e social

Parte VII: Políticas públicas para o teatro

Parte VIII: Trabalhadores do Teatro

Parte IX: A Formação do Artista

Parte X: O teatro na luta de classes

Parte XI: A indústria cultural

Parte XII: A luta continua

TOMAR AS RUAS

Para aqueles que ainda aceitam a ideia de que tomar as ruas em manifestações é coisa de molecada, vandalos, loucos ou qualquer adjetivo nesse sentido, tomemos como motivador a luta de milhares de pessoas ao redor do mundo, que não desistem de nossas causas e ainda acreditam na união, na mobilização popular e na construção de um mundo melhor.

Abaixo, opinião do economista e historiador argentino, Osvaldo Coggiola, professor titular da FFLCH USP, colaborador do ICArabe (Instituto da Cultura Árabe) e, atualmente, um dos maiores intelectuais no Brasil – no alto dos seus 59 anos -, em debate promovido na Semana de Jornalismo da PUC-SP (30 de maio a 03 de junho, 2011):

‎”Nós temos que fazer alguma coisa, pelo amor de deus. Eles (os espanhóis) estão lutando contra o banco Santander, que tem sua maior fonte de lucros no Brasil. Estamos atrasados. Temos que lutar contra o Santander aqui também, com certeza. Já que é o beneficiário da apologia financeira desse país, um país com as maiores taxas de juros do planeta, e que está sentado sobre uma bomba econômica. Porque o Brasil gasta para rolar sua impressionante dívida pública, em termos percentuais, ao PIB e ao trabalho da dívida, mais do que qualquer outro país do planeta. Porque temos as maiores taxas de juros do planeta. Isso, tenha certeza, vai explodir. Estejamos preparados. Então acho muito bom o que estão fazendo os Árabes e o que estão fazendo os Espanhóis, porque a nossa vez não demora. Querem então discutir autogestão, institucionalidade? Tudo bem. Toda essa discussão: na rua. Na rua se discute tudo!”

Após a Copa do Mundo, greve geral na África do Sul
19/08/2010

Levantes na Tunísia, após ato de revolta de Mohamed Bouazizi
17/12/2010 a 27/01/2011

Levantes no Egito pela renúncia de Rosni Mubarak
25/01 a 11/02/2011

Redução das passagens (Br)
27/01/2011

Marcha contra a homofobia (Br)
19/02/2011

Protestos em Wisconsin, EUA
12/03/2011

Após remoção de favelas no Rio, vigília denuncia desmantelamento do Núcleo de Terras da Defensoria Pública
11 e 12/05/2011

Marcha da Maconha (Br)
21/05/2011

1ª Marcha Nacional da Liberdade (Br)
18/06/2011

400 mil no Chile pela educação pública
30/06/2011

Levantes na Grécia
30/06/2011

Praça Puerta del Sol (ES)…
“Entardece. Um grupo de homens e mulheres agitam uns cartazes nos quais se lê: ‘Não se rendam, os pais os estão seguindo’. Alguns jovens, ao passar e vê-los, acenam e, inclusive, param para falar com eles. Não é preciso apresentações. (…) Cai a noite sem que caiba nem uma alma a mais na Puerta del Sol nem nas ruas próximas. Jovens e não tão jovens, famílias inteiras, conversam animadamente, observam, debatem, se fotografam. (…) Quando a lua aparece, um dos cartazes mais passeados durante o dia se carrega de sentido: ‘Já temos Sol, agora vamos buscar a lua.'”
Jornal Brasil de Fato (26.05 a 01.06.2011).

Eduardo Galeano na Praça Catalunya (ES)
24/05/2011

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O QUE É A VERDADE?

O que é a verdade, portanto? Um batalhão móvel de metáforas, metonímias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relações humanas, que foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso, parecem a um povo, sólidas, canônicas e obrigatórias: as verdades são ilusões, das quais se esqueceu que o são, metáforas que se tornaram gastas e sem força sensível, moedas que perderam sua efígie e agora só entram em consideração como metal, não mais como moedas.

Continuamos ainda sem saber de onde provém o impulso à verdade: pois até agora só ouvimos falar da obrigação que a sociedade, para existir, estabelece: de dizer a verdade, isto é, de usar metáforas usuais, portanto, expresso moralmente: da obrigação de mentir segundo uma convenção, mentir em rebanho, em um estilo obrigatório para todos. Ora, o homem esquece sem dúvida que é assim que se passa com ele: mente, pois, da maneira designada, inconscientemente e segundo hábitos seculares — e justamente por essa inconsciência, justamente por esse esquecimento, chega ao sentimento da verdade.
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Friedrich Nietzsche, “Sobre a verdade e a mentira no sentido extra moral”

A TELEVISÃO/2

A televisão mostra o que acontece?
Em nossos países, a televisão mostra o que ela quer que aconteça; e nada acontece se a televisão não mostrar.
A televisão, essa última luz que te salva da solidão e da noite, é a realidade. Por que a vida é um espetáculo: para os que se comportam bem, o sistema promete uma boa poltrona.

Eduardo Galeano, “O Livro dos Abraços”