PONTOS (OU HELP!)

Desde ontem a tarde apareceram uns pontos estranhos, do tipo “tópico”, nos menus “Destaque” e “Capitalismo”. Não faço a mínima idéia de como isso aconteceu. Liguei o PC, entrei no blogue e lá estavam eles, entortando tudo o que está pela frente. Só sei que a aparencia ficou horrível, e como o WordPress.com trabalha com sistema de CCS fechado eu simplesmente não tenho como reverter essa situação. Já retirei e configurei novamente o widget, mas nada acontece!

Caso alguma alma boa e prestativa souber como resolver, please, deixe um comentário. Eu já acionei o suporte do WordPress mas até agora nem sombra de resposta. Só uma informação técnica: respostas do tipo “contrate a versão paga”, ou, “mude para o Blogspot” são bem dispensáveis.

Valeu!

O PODER DA COMPUTAÇÃO GRÁFICA

É cada vez mais impressionante a união entre tecnologia e as mão de um verdadeiro artista. Vídeo feito pelo espanhol Alex Roman, bastante impressionante, a animação tenta ilustrar a arquitetura através do ponto de vista de um fotógrafo, com uma pitada de surrealismo. Totalmente produzido em 3d Studio Max, Vray, AfterEffects e Adobe Premiere. Fullscreen it!

Detalhes em jpg… http://www.thirdseventh.com
Site do cara… http://alexroman.com/about.asp

EVOÉ, ALBERTO

por Alexandre Maciel

Hoje me sinto a pior pessoa do mundo. Ou, no mínimo, o mais desinformado. Lendo o blogue do Gerald Thomas descobri que Alberto Guzik faleceu. Há um mês. Em 26 de junho, num sábado, às 10 horas. Eu já sabia que ele estava internado, confesso que não sabia bem porque, mas tinha ciência de que ele estava internado. Já havia lido, em seu Twitter, uma mensagem deixada em fevereiro comunicando que no dia seguinte ele estaria sendo internado, com esperanças de volta: “Ficarei algumas semanas (espero que poucas) distante daqui. For medical reasons. Amanhã serei submetido (?) a uma cirurgia. Inté“.

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JORNADA MENOR E TAXAÇÃO DE FORTUNAS. RADICAIS? UMA PINÓIA!

por Leonardo Sakamoto*

Publicado originalmente no Blog do Sakamoto
13/07/2010 – 14:27

Alguém me explique, por favor, eu imploro, por que a taxação de grandes fortunas e a redução da jornada de trabalho estão sendo consideradas ações radicais? Aliás, radical na opinião de quem? Dos trabalhadores e da imensa maioria da população que se beneficiaria com essas medidas?

Primeiro, a Organização Internacional do Trabalho divulgou, recentemente, um estudo mostrando que a redução do teto da jornada para 40 horas semanais, como defendem as centrais sindicais, beneficiaria um contingente de 18,7 milhões de trabalhadores brasileiros.

Enquanto isso, ao fundo, feito um tragédia grega, o coro das carpideiras do mercado canta: “Radicalismo! Radicalismo! Radicalismo! Esse povo quer destruir os fundamentos da democracia brasileira com seus anseios de ficar mais com a família, descansar, investir em formação pessoal! Vão trabalhar, seus vagabundos! Só o trabalho liberta! Radicalismo!”

Segundo, há estudos que apontam que o PIB brasileiro comportaria um aumento até maior do salário mínimo, desde que houvesse uma real distribuição de renda, de direitos e de justiça. Ou seja, redução da desigualdade. Alguns perderiam para muitos ganharem. Da cobrança de altos impostos sobre grandes fortunas até a taxação de heranças seguindo um modelo americano ou europeu, passando pelo aumento no imposto de renda de quem ganha bastante. Se alguns pagarem mais imposto, a maioria pode pagar menos, considerando que, hoje, proporcionalmente, os muito ricos não pagam tanto imposto quanto os mais pobres.

Enquanto isso, ao fundo, feito um tragédia grega, o coro das carpideiras do mercado canta “Radicalismo! Radicalismo! Radicalismo! Cobrar dos que têm mais para desonerar os que têm menos? Isso só é bonito nos filmes de Robin Hood. Na vida real, é comunismo! Qual o próximo passo? Tomar nossa casa e vender nossos filhos como escravos? Que culpa eu tenho de ser rico? Radicalismo!”

O então senador Fernando Henrique Cardoso, antes de pedir que esquecessem o que ele escreveu, defendeu a taxação de grandes fortunas no Congresso Nacional. Luiz Inácio Lula da Silva, antes de se tornar o queridão do mercado, também defendia a redução na jornada de trabalho. O poder muda as pessoas, é fato. O pior é ter que ouvir dos próprios que eles não mudaram, apenas ganharam uma consciência ampliada a partir do cargo em que ocupam/ocuparam.

Pior, ainda mais, é que talvez isso seja, de fato, verdade. E que nenhum dos dois principais partidos políticos hoje no país, que se dizem progressistas, tenha coragem de escancarar propostas como essas em seus programas de governo. Dando, com seu silêncio, anuência ao coro das carpideiras.

.

*Leonardo Sakamoto é jornalista, doutor em Ciência Política, coordenador da ONG Repórter Brasil e seu representante na Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo. Ministra aulas na pós-graduação da PUC-SP.

EU, ETIQUETA

Ouça… recital de Paulo Autran

 

"Eu é que mimosamente pago para anunciar"

Em minha calça está grudado um nome
que não é meu de batismo ou de cartório.
Um nome… estranho.

Meu blusão traz lembrete de bebida
que jamais pus na boca, nessa vida.
Em minha camiseta, a marca de cigarro
que não fumo, até hoje não fumei.

Minhas meias falam de produtos
que nunca experimentei,
mas são comunicados a meus pés.

Meu tênis é proclama colorido
de alguma coisa não provada
por este provador de longa idade.

Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
minha gravata e cinto e escova e pente,
meu copo, minha xícara,
minha toalha de banho e sabonete,
meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
são mensagens,
letras falantes,
gritos visuais,
ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, permência.
Indispensabilidade.

E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.

É doce estar na moda, ainda que a moda
seja negar minha identidade,
trocá-la por mil, açambarcando
todas as marcas registradas,
todos os logotipos do mercado.

Com que inocência demito-me de ser
eu, que antes era e me sabia
tão diverso de outros, tão mim mesmo.
Ser pensante, sentinte e solitário
com outros seres diversos e conscientes
de sua humana, invencível condição.

Agora sou anúncio.
Ora vulgar ora bizarro,
em língua nacional ou em qualquer língua
(qualquer principalmente).
E nisto me comprazo, tiro glória
de minha anulação.

Não sou – vê lá – anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
para anunciar, para vender
em bares, festas, praias, pérgulas, piscinas,
e bem à vista exibo esta etiqueta
global no corpo que desiste
de ser veste e sandália, de uma essência
tão viva, independente,
que moda ou suborno algum a compromete.

Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher.
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
tão minhas que no rosto se espelhavam.
E cada gesto, cada olhar,
cada vinco da roupa
resumia uma estética

Hoje, sou costurado, sou tecido
sou gravado de forma universal.
Saio da estamparia, não de casa,

Da vitrine me tiram, recolocam,
objeto pulsante, mas objeto,
que se oferece como signo de outros
objetos estáticos, tarifados.

Por me ostentar assim, tão orgulhoso
de não ser eu, mas artigo industrial,
peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.

.

Eu, etiqueta. Carlos Drummond de Andrade
[Corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984]